Faça o download da Guia para Pais – Inclusão Escolar em PDF.
“Não há revelação mais veemente da alma de uma sociedade do que a forma pela qual ela trata suas crianças.”
Nelson Mandela (1918-2013)
Autora: Maíta de Mendonça Bittar (Comitê de Psicologia da Abenepi-Rio).
Comitê de Psicologia da Abenepi-Rio

O QUE É?
Incluir é estar com, é interagir com o outro num processo dinâmico, ativo e com via de mão dupla onde todas as pessoas que estão afetadas por uma situação se unem para eliminar as barreiras existentes e promover a participação plena de todos em situação de igualdade. Portanto, a diferença deve ter seu direito garantido e cada estudante, com ou sem deficiência é um sujeito com interesses e necessidades próprias e, com formas de aprender diferentes e singulares em relação aos demais.
A inclusão é um processo que interliga vários domínios como:
Interação = Emoção = Mudança de atitude e de conceitos
Promovendo

· Interação de Resultados · Aumento das possibilidades de cooperação · Aumento da criatividade · Aumento de descoberta de soluções inovadoras · Mais qualidade de vida para todos
O conceito de inclusão escolar é mais amplo e não se restringe à criança com deficiência ou àquelas com necessidades educacionais especiais, mas sim abrange toda criança, em sua complexa diversidade de habilidades e dificuldades, áreas de força e de fraqueza onde:
- SOCIEDADE → investe em acessibilidade→ políticas públicas → eliminação de barreiras na arquitetura, no ambiente físico, nas comunicações e nas atitudes → ganham no processo de aprendizagem conjunta →desenvolvem novas estratégias e recursos tanto pedagógico quanto intra e interpessoal
- PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS→ investem em sua educação, reabilitação e na capacitação profissional →se preparam para assumir seus papéis na sociedade, com direitos e deveres → se desenvolvem como pessoas, como profissionais, como cidadãos.
Assim, a guia de inclusão escolar foi criada para nortear tanto os educadores quanto aos pais sobre a integração desses no processo de formação e desenvolvimento de cada indivíduo na sua diversidade.
A Inclusão torna a sociedade um lugar bom e adequado para TODOS
O QUE É EDUCAÇÃO INCLUSIVA ?
Aceitar as diferenças, não significa inserir uma criança com necessidade especial em sala de aula; é a garantia, por lei, das escolas acolherem todas as crianças apesar de suas limitações físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, dentre outras. Educação Inclusiva é:
- uma escola onde cada um é respeitado na sua individualidade e atendido de acordo com suas necessidades, capacidades, habilidades e dificuldades, através de recursos e metodologias que possibilitem o seu aprendizado e desenvolvimento tendo consciência que o professor é essencial em todo esse processo inclusivo e educativo da criança.
- uma escola que envolve também a família como cooperadores na assistência ao aluno, viabilizando e objetivando um trabalho mais integrado entre todos os envolvidos no processo de desenvolvimento do ser humano. É integrar escola – família – terapeutas – médicos ,que compõem uma equipe multidisciplinar no acompanhamento da criança e/ou adolescente independente das suas demandas bio-psico-sociais.
ESCOLA E EDUCADORES
Considerando a realidade sóciodemográfica de cada região, família e instituição escolar, sugere-se que através da formação profissional dos professores seja possível:
- Aperfeiçoar e utilizar recursos no processo de ensino-aprendizagem visando a participação ativa dos alunos com necessidades educacionais especiais;
- Realizar adequações tanto metodológicas quanto pedagógicas, comunicativas e de infraestrutura para melhor acolhimento do aluno.
- Realizar adaptações curriculares necessárias, objetivando o ajuste, inclusão ou exclusão de conteúdos;
- Adequar as atividades pedagógicas proporcionando alternativas de acesso ao conhecimento e desenvolvimento da criança com necessidades educacionais especiais, através da renovação e acomodação nas tarefas, alterações no critério de avaliação e forma de exposição dos conteúdos apresentados em sala de aula;
- Utilizar recursos que facilitem o processo de ensino no transcorrer do aprendizado, através de tecnologia assistiva ou recursos materiais ou que possibilitem a experiência vivencial;
- Através de métodos pedagógicos práticos, específicos e atraentes, proporcionar a superação das dificuldades da criança com necessidade educacional especial facilitando o trabalho escolar geral tendo a tecnologia assistiva como referência importante na promoção e ampliação das habilidades das pessoas com limitações tanto adaptativas quanto funcionais.
- Promover recursos pedagógicos concretos que tenham como ponto de partida experiências do cotidiano vivenciadas pelo aluno;
- Mudar o grau de complexidade das atividades á medida que o aluno com necessidades educacionais especiais avançar no processo de aprendizagem;
- Usar a fala como incentivador, encorajador, auxiliador nas atividades, auxílios físicos ou concomitantemente o auxílio verbal e físico;
- Promover atividades grupais visando proporcionar trocas de experiências e desenvolvimento de competências socioemocionais entre os alunos, estabelecendo regras, rotina e mediação das relações
- Planejar a aula, com estratégias, recursos e ações no ambiente da sala de aula;
- Estar atento a estrutura tanto externa quanto interna do ambiente educacional, promovendo acessibilidade, e consequente liberdade de atuação e mobilidade do aluno com necessidade educacional especial nos espaços em comum da instituição escolar;
- Estimular a comunicação alternativa enriquecendo a relação entre professor – aluno com necessidade especial – demais alunos – equipe escolar e demais profissionais;
- Promover a acessibilidade dos alunos às informações expostas no ambiente escolar;
- Impulsionar atividades que proporcionem a discussão, debate e elaboração das diversidades e equidade entre todos, direcionando os argumentos com empatia, respeito e solidariedade, dando espaço à fala de cada um e, dessa forma atenuar possíveis sentimentos de rejeição e solidão vivenciada pelos alunos com NEEs;
- Mediante a especificidade e individualidade de cada aluno o professor poderá desenvolver as potencialidades, recursos, confecção de materiais e dar suporte ao aluno com necessidades educacionais especiais também tendo como referência profissionais especializados que acompanham essa criança ou adolescente;
- Esclarecer aos pais da importância da parceria e de como compactar ações em consonância através de uma mesma linguagem;
A educação, através de um lugar de socialização do ser humano se configura numa relação família/ escola.
PAIS
A família como primeiro lugar de socialização do ser humano contribui de forma efetiva e qualitativa na constituição do indivíduo e, para a pessoa com alguma necessidade especial não é diferente, pois é em casa junto à família que se desenvolvem as primeiras competências sócio emocionais, habilidades sociais, assim como, estímulos para estudar e o desejo em aprender coisas novas.
A participação de forma ativa na educação dos filhos é de suma importância para o melhor desenvolvimento da autonomia e do funcionamento adaptativo nos domínios conceituais, práticos e sociais, dessa forma se faz necessário estar atento:
- Na orientação das tarefas de casa;
- Na determinação de limites e regras de forma clara, uma vez que tais diretrizes fortalecem e dão segurança emocional, principalmente no enfrentamento de situações difíceis e na relação da criança ou adolescente com seus pares, pais e escola;
- Em direcionar o filho para reconhecer na escola um referencial de valores como respeito, comprometimento e responsabilidade;
- Na colaboração promovida pelo contínuo fortalecimento da relação família/escola;
- No reconhecimento dos filhos em relação aos pais e a escola como figuras de autoridade;
- Em reforçar e estabelecer confiança no trabalho do professor para garantir o crescimento individual da criança;
- No estímulo da autonomia dos seus filhos acreditando sempre na sua capacidade de aprender pois um plano educacional especializado e individualizado fazem toda diferença no desenvolvimento acadêmico, psíquico e social de uma pessoa com necessidade educativa especial;
- Em ativar e enriquecer as relações interpessoais dos seus filhos;
- Em monitorar e dialogar com os educadores sobre as atividades que podem ser mais afinadas ao perfil do seu filho, ajudando a escola a diagnosticar erros, para fazerem as mudanças e adaptações necessárias.
Os pais, são coparticipes na implementação e no eventual sucesso da política de inclusão educacional.
A RELAÇÃO FAMÍLIA ESCOLA
A parceria entre escola inclusiva e família é fundamental no processo e política de inclusão, uma vez que ambas podem ajudar-se mutuamente numa ação em que nenhuma é autossuficiente.
As diferenças e peculiaridades dos estudantes, com deficiência ou não deve sempre ser considerada, pois cada caso traz especificidades a serem percebidas, inspirando novas práticas a serem testadas e replicadas, despertando resistências a serem diluídas construtivamente e dessa forma, a instituição escolar realiza melhor tais especificidades e a inclusão pode funcionar de maneira mais efetiva tendo os pais e a família como parceiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende se que não é somente a família da criança sujeita a atendimento educacional especializado que pode e deve contribuir no processo de inclusão, mas as famílias dos colegas mais próximos e, obviamente, de todos os outros estudantes da escola. Além dos próprios educadores, as famílias que integram a comunidade escolar podem estimular uma cultura de respeito às diferenças, observar e mediar os conflitos que tais diferenças geram entre os estudantes, contribuir, enfim, para a inclusão e um ambiente de respeito e solidariedade.
A mudança no olhar e no comportamento dos professores em relação aos alunos portadores de necessidades educacionais especiais através de um acolhimento ético, imparcial e humanitário é o diferencial no processo de desenvolvimento psíquico, cognitivo e social desses alunos.
As pessoas com necessidades educativas especiais carecem de uma parceria bem integrada entre pais e escola a partir de uma concepção bem delineada e desempenhada por cada um dentro do ambiente tanto familiar quanto escolar para o desenvolvimento das competências socioemocionais e acadêmicas.
A ativação de aspectos afetivos e motivacionais de todos como sociedade interativa e responsável um pelo outro, e não apenas pais e professores, elevam o desejo de aprender, de ir à escola, de ser autônomo e de estar junto aos pares reforçando a autoestima e segurança emocional de qualquer ser humano em desenvolvimento. Portanto, o processo de inclusão deve ser pensado para todos independente do sujeito ter uma deficiência ou necessidade educacional especial pois ao lidarmos com a diversidade e complexidade humana, cada um se faz único e com necessidade de intervenções educacionais individualizadas para reabilitar e estimular suas dificuldades e habilidades, respectivamente, se formando como cidadãos reconhecidos e integrados na sociedade .
Referência Bibliográfica
- Mantoan, M T E. Inclusão escolar:O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. 95p.
- Menino-Mencia G F, Belancieri MF,CapelliniV L M F, Santos M P.Escola Inclusiva: uma iniciativa compartilhada entre pais, alunos e equipe escolar. Psicol. Esc. Educ. vol.23 Maringá 2019 Epub Nov 04, 2019.
- Mendes C H. A Família na Educação Inclusiva. Diversa Educação Inclusiva na Prática. 08/08/2014.https://diversa.org.br/artigos/a-familia-na-educacao-inclusiva
- Coll,C.; Marchesi, A.; Palacios, J. e cols. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. v.1.
- Coll, C; Marchesi, A; Palacios, J (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Trad. Fátima Murad. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 364p
- Comunidade Aprender Criança. Cartilha da Inclusão Escolar: inclusão baseada em evidências científicas (Ed. Instituto Glia, 2014).